Não basta ler que as areias das praias são quentes; quero que meus pés nus as sintam.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Família Gonçalves do Amaral - Estudos das origens II


Com a exploração do ouro nas Minas Gerais (1700), a demanda por animais de carga tornou indispensável   a busca de uma rota que ligasse o Brasil com a região de criação de mulas no sul do continente, na época pertencente ao vice-reinado do Peru.
Como não havia ligação por terra entre o Rio Grande de São Pedro e as Minas Gerais, em 1733 abriu-se a picada Araranguá - Lages e a primeira tropa de mulas passou rumo às minas de ouro. Vinham  dos campos de Córdoba, Santa Fé e Entre-rios,  contornavam a Lagoa Mirim e subiam pelo litoral até Araranguá. A razão de tamanha volta era as Missões Orientais do Uruguai, constituídas pelos Sete Povos das Missões, que  pertenciam a Espanha e só foram incorporadas aos domínios portugueses em 1801.
Preocupado com as regiões limítrofes entre o Brasil e as colonias espanholas, D. João VI, através da Carta-Régia de 5 de novembro de 1808, criou a Real Expedição de Guarapuava sob o comando de Diogo Pinto de Azevedo,  com a finalidade de descobrir um caminho para "o País das Missões" e cujo quartel se estabeleceu em Atalaia, ponto de partida para a exploração do sertão de Tibagi e do rio Iguaçu.
Em 1815, com a Real Expedição em pleno andamento, D. João VI ordenou que dela partisse uma missão com o fim específico de abrir caminho para as Missões. Para essa incumbência foi designado Atanagildo Pinto Martins, que estava explorando o rio Chopim, em Chapecó.


Atanagildo partiu guiado por índios em busca do Goio-En, que na linguagem caingangue significa águas grandes, águas profundas, passo fundo. Nessa missão, foram descobertos os Campos Novos(Roselys).
Do Pontão, hoje Barracão, Atanagildo rumou para a Lagoa Vermelha em busca da estrada real, que partia do passo de Santa Vitória, vinha pelo dorso da Coxilha Grande cruzar o Mato Português, o Campo do Meio, o Mato Castelhano, o passo do rio Uruguai Mirim – nome indígena do rio Passo Fundo. A partir daí Atanagildo  seguiu sempre pelo dorso da Coxilha Grande até São Borja, onde se apresentou ao comando militar português.
Os pioneiros do Planalto Médio situaram-se estrategicamente nas proximidades do Passo do Jacuí Mirim, onde erguia-se o monumental  "pinheiro marcado", ponto de referência indicando o local do passo. Escreve Beschoren: "O "Pinheiro Marcado" é um gigantesco e velhíssimo pinheiro, que permanece exatamente no lugar onde a estrada carreteira deixa a Coxilha Grande, para o Sul". Diz a lenda que no tronco do monumental pinheiro estava escrito uma frase em latim, "em ponto de meio dia o sol me dói a cabeça". Nesta região surgirão os povoados de São Luiz, Santa Bárbara e mais tarde, os municípios de Palmeiras das Missões, Cruz Alta e Passo Fundo.

Dos casamentos entre os descendentes dos pioneiros Atanagildo Pinto Martins ( os Amaral); Rodrigo Félix Martins  (os Quadros e Martins); e dos irmãos Alexandre Luiz da Silva e João da Silva Machado ( os Sampaio, os Porciúncula e os Meira e os Vergueiro), surgem as famílias, descendentes e agregados, tendo como núcleo a Fazenda São Benedito e como ponto comum de união o passo do Jacuí Mirim,  que ocuparam e povoaram as terras desde a Fazenda Sarandi em Passo Fundo até Santa Bárbara em Cruz Alta.
Os limites foram a floresta do Uruguai até Palmeira das Missões; a floresta do Botucaraí até Cruz Alta e pelo campo em uma linha de Cruz Alta a Palmeiras. Estas famílias ocuparam e povoaram todo o Planalto Médio. Mais tarde, as matas que lhes serviam de divisas naturais foram loteadas e colonizadas pelos imigrantes alemães e italianos.
(Dados retirados da Revista Somando – A povoção de Jacuizinho).

Athanagildo casou na vila de Castro (PR) com Ana Joaquina do Amaral, tendo-se tornado grande proprietário de terras em Cruz Alta. Teve seis filhos, dos quais resultou grande descendência.
A esposa de Antônio Corrêa Pinto, Maria Antonia de Jesus e seus irmãos Baltasar e Antônio Rodrigues de Oliveira, que passam a residir em Lages, descendem  dos Oliveira paulistas. Tornaram-se parentes de Bento do Amaral Gurgel e de Miguel Pedroso Leite, através dos sucessivos casamentos havidos em Lages, entre seus filhos e netos.
A primeira esposa de Bento do Amaral Gurgel, segundo capitão-mor de Lages, é Maria Catarina de Jesus Fragoso, pertencente à família Soares Fragoso, de Taubaté (SP), assim como Manoel Marques Arzão, pai da esposa de José do Amaral Gurgel, irmão do capitão-mor Bento do Amaral Gurgel, todos residentes em Lages. São numerosos os descendentes dos Amaral. Vários deles se estabeleceram na região de cima da serra, no Rio Grande do Sul.
Maria Boaventura do Amaral, sobrinha de Bento do Amaral Gurgel, foi casada três vezes e teve do seu primeiro marido José Francisco de Morais Navarros, entre outros filhos, Manoel Antônio do Amaral, que fixou residência em Cruz Alta e Maria Jacinta do Amaral, de quem descende Nereu de Oliveira Ramos, que foi presidente do Brasil e interventor de Santa Catarina.
Todas essas informações são fornecidas por DACHS, nos seus artigos publicados no Guia Serrano.
O realce dado a Antônio Ribeiro de Oliveira, foi motivado pela descoberta da sua ligação com Ana Joaquina do Amaral, que casou com o alferes Atanagildo Pinto Martins. Estes passaram de Castro, no Paraná, para o Planalto Médio do Rio Grande do Sul, acompanhados de muitos parentes.
 Ana Joaquina é filha de Antônio Ribeiro de Oliveira e de Ana Maria do Amaral, sobrinha de Bento do Amaral Gurgel. Seus nomes constam na primeira lista de habitantes de Lages, em 1777, onde não mais residem em 1789.
Baltasar Joaquim de Oliveira e Antônio Rodrigues de Oliveira, filhos do sargento-mor Antônio Rodrigues de Oliveira, casaram respectivamente com Maria Joaquina do Amaral Gurgel e com Maria Inácia do Amaral Gurgel, filhas do capitão-mor Bento do Amaral Gurgel e de Maria Catarina de Jesus Fragoso, todos residentes em Lages.